Volta no tempo meu canto por tão precioso regalo Me vi de novo a cavalo, -“de em pêlo” na emoção Como lembrei do Ramão meu companheiro de infância E da mais sagrada infância que guardei no coração. Nada melhor que esse tempo, eu mandava e não pedia, Na imensa sesmaria dos meus campos, no terreiro Com sonhos, cardeais, barreiros – melodias do meu mundo – Que me tocaram profundo no meu destino campeiro. Nada retorna, no tempo sempre se agranda a distância... Do Ramão e minha estância muitos junhos já cruzaram Os meus gados silenciaram pelas charqueadas da vida Já não há mais recorridas, o Ramão não tem mais laço Pois extraviou no espaço laçando a estrela perdida. Tudo que existe se esvai se perde no tempo adentro E, às vezes, se me concentro a pensar a campo fora Eu sinto nessas demoras mas, me vejo satisfeito Porque no chão do meu peito eu tenho rastro de esporas. Nunca mais vi o Ramão por certo anda tropeando, Fazendo açudes, domando, nalgum rincão por aí; Sei que jamais esqueci esse irmão bueno e campeiro Pois foi o melhor parceiro que tive quando guri.