João Maria Marimbondo Operário, peão obreiro Queria um rancho redondo Igual ao do João Barreiro Nada de muita frescura Nem exigências maiores Talvez com mais aberturas Ainda que bem menores João Maria poderia Daqui um tempo com tempo Criar diversa quantia De divisórias por dentro Na volta tantos infindos Quartos salas aposento Além de um cômodo lindo Pra sua linda no centro João Maria não sabia Dos amores, seus feitiços O trabalho correria Não dava folga pra isso João Maria certo dia Abriu asitas gaudérias Um novo lar carecia Resina barro matéria Voou calmo, manso, lento Rumo’à um tronco-cabriúva Derrubado pelo vento Brabo da última chuva Na chegada ouve estrondos Harmonias resmunguentas Muitos outros marimbondos Já batiam ferramentas Entre eles Ana Rita Vespa miúda, guria Era a coisa mais bonita Já vista por João Maria Que ainda não sabia Nem de amores ou feitiços Mas que a contar desse dia Passava a sonhar com isso Ana Rita lhe sorria Uma, duas vezes, três Coitado do João Maria Vermelho de timidez Achegou-se sorrateiro Repensando seu dilema Ao menos fosse um barreiro Pra lhe assobiar algum tema Paciência, refletia Não é hora pra queixumes Se não cantava, zunia Zunia de fazer ciúmes Usou gestos e palavras Contou os planos que tinha Disse o que intencionava Jurou fazê-la rainha Ela toda comovida Treme tremia supondo Não imaginar sua vida Sem aquele marimbondo Enamoraram-se as duas Pequenas almas de asas Cansaditas de erguer casas Que nunca seriam suas É pena o tempo matreiro Só nos revelar depois Que vespas não são barreiros Feitos pra viver em dois João Maria partiu dessa Pra uma melhor acredita Morre pra honrar a promessa Feita para Ana Rita Que enquanto majestade Coordena a construção D’um rancho tal as vontades De seu marimbondo João É uma pena repito Só descobrirmos depois Vespas não são barreiritos Feitos pra viver em dois