Quem tem os sonhos no campo E o sortilégio na estampa Já perseguiu pirilampos Forjando a noite do pampa Quem viu a lua redonda Banhando as crinas no rio Cantou esporas de ronda Pra milonguear desafios Quem desatou o atavismo Do memorial dos galpões Conhece o fogo e o lirismo Da pulsação dos violões Sabe que o canto dos galos É a saudade do azul Querendo o sol de à cavalo Pelas planícies do sul A milonga é uma vertente De há muito, não é segredo É o pampa dentro da gente Querendo vazar nos dedos Quem se perdeu em repontes Seguindo o ocaso das brasas Já aramou horizontes Pra ter aurora nas casa Quem colhe a rosa dos ventos E bebe estrelas na sanga Tem tanto pampa por dentro Que se derrama em milonga