De repente me vi nessa cidade Sem mesmo poder ter opinado Marcada por fé como legado Rebentei no bom vir da madrugada O Sol reluzindo a navalha Que o homem de branco empenhava Fui abrindo meu berreiro pro mundo Nos olhos da mãe um mar profundo O pai com uma cara que meu Deus! Me jogaram no meio desse tudo Errante, epicentro irresoluto Meio inacabada, meio eu Esse mundo ainda vai me endoidece Esse mundo ainda vai me endoidece Cabô que na cabocla do asfalto Cheguei té nos pés descalços Bem acostumada a sobressaltos O meu corpo é da noite enluarada Do vento e da terra, estrela rara Sou filha de Gandhi com mãe d'água Continuo berrando pr'esses surdos Que não parecem saber ser mundo E rezam pra se manter ateus Sei também tenho parte nesse surdo Mas levo as rédeas a toque curto A minha história faço eu! Esse mundo não vai me endoidece Esse mundo não vai me endoidece Esse mundo não vai me endoidece Esse mundo não vai me endoidece É com o toque do dedo na viola Que a liberdade tecerá Seu caminho luzente que deflora Do fundo da guerra, o som da paz Eu me sinto perante, pequenina À espera do breu diante a luz Mas enquanto aguardo na espera É meu canto feroz que me conduz! Enquanto eu puder cantar, não me curvará a dor do açoite! Enquanto eu puder dançar, não me curvará a dor do açoite! Enquanto eu puder cantar, não me curvará a dor do açoite! Enquanto eu puder dançar (não me curvará a dor do açoite!) Enquanto eu puder cantar Enquanto eu puder cantar, não me curvará a dor do açoite! Enquanto eu puder dançar, não me curvará a dor do açoite!