Num belo dia estava em casa Onde um sol quente duro de lascar De boca seca e sem nenhum no bolso Então pensei: tico e teco é hora de funcionar Assim nasceu o meu melhor insight Do breve tempo de minha pouca idade Peguei prancheta, um papel e lápis E produzi a mais bela obra de arte Manual prático de malandragem Onde mané ganha habilidades Tão poderosas que fazem covarde Ser respeitado em toda comunidade Mas para isto ganhar mais destaque Precisarei de um perfeito marketing Jornais, revistas, outdoor e sites Pra propagar esta onda pela cidade O manual te dá poder, te dá inteligência Mas se você for burro, não ganha inteligência Malandro não é mané, mané não é malandro Será que cê entendeu do que que eu tô falando Não precisa enganar, muito menos embromar Se souber contar história, todos vão acreditar Parto do alvo mais fácil, status, fama, requinte Sujeito endinheirado, mané com menos de vinte O que ele quer: o nosso estirpe Tirar onda de gatão sem pagar de boutique Primeira parte do livro eu deixo logo visível Que o perfil do mané, é meio tosco, insensível Não sabe tratar mulher, não sabe ser bom patrão Não trata bem funcionário, não dá aperto de mão Nunca para num boteco, não transita pela lapa Só conhece zona sul, nunca foi lá na baixada È caguete dos bons, parece noticiário Não entendeu o manual, e foi lá no dicionário Pra descobrir que malandro é o oposto de otário E mesmo assim acha bonito e muito hilário O manual te dá poder, te dá inteligência Mas se você for burro, não ganha inteligência Malandro não é mané, mané não é malandro Será que você entendeu do que que eu tô falando É tanto trouxa no mundo, negócio inexplicável Meu manual é sucesso, agradeço aos otários Que souberam de início que não ia ser fácil Essa vida de malandro não é pra pela-saco Tem que tá preparado, tem que ser experiente Não pode dar pernada, nem com a língua nos dentes Não precisa ser decente, mas ser inteligente Usar arma de fogo é coisa de delinqüente Somente a consciência, a astúcia e a mente É o caminho certo para chegar lá na frente Termino o epílogo, exaltando o passado À malandragem reverência, como aos antepassados O mané não entendeu nada, achou engraçado Releu três vezes e não entendeu o enunciado Nunca vendi malandragem, nem passei de mão beijada Mas comprovo que pastel nunca será empada O manual te dá poder, te dá inteligência Mas se você for burro, não ganha inteligência Malandro não é mané, mané não é malandro Será que você entendeu do que que eu tô falando Mas o que é o manual ? Um barato bem legal Onde malandro é o tal E otário passa mal