Naufrágio Escuta a tempestade A fúria do vento A noite uivar Olho ao longe o barco Uma luz que sobre No último templo Homens a lutar Homens a rezar... Vem ver Vem ver as ondas, as rochas O grito, o estrondo Vence o mar... Vence o mar... O sobrevivente Terra, enfim Nascer de novo Sair dos dedos frios do mar A começar um gesto seco Um grito rouco Cair na areia, amar o chão e descansar Dormir, sonhar, enfim O primeiro encontro Acorde, homem, beba um trago Se a sede lhe aperta Minha casa é aqui ao lado Minha porta é aberta Assisti a luta nas ondas Manchadas de sangue Os outros morreram todos Do barco não resta nada Resta nada Nada... Nascer de novo Sair dos dedos frios do mar Recomeçar... Um novo amigo Diz, meu novo amigo Que país é este? Há reis noutros sítios Quem comanda neste? Estamos na pervônia Ao medo poente Ao lado da história Com uma triste gente Diz, meu novo amigo Porque estão eles tristes? Quem lhes nega a vida? Quem lhes não assiste? É um rei tirano Só ouvira os velhos ...e dizem que é tão feio Que proibiu os espelhos! Diz, meu novo amigo Qual a sua força? Sejam homens livres Levem-no pra forca! É que os pedestais - Aqueles que caíram Serviram bem demais Aqueles que seguiram Então, novo amigo Achas tudo bem É o teu destino Ignoras a lei! Cada um por si À sombra do medo Nada vale a pena É sempre muito cedo! Escuta, novo amigo Eu quero ajudar-te Traz os teus amigos Que eu quero falar-lhes!