Era Domingo de céu ensolarado, o campo sem gramado antes da macarronada
Tava lotado feito uma cadeia, também quando é de graça até injeção na veia
É que o Zum Zum, a sensação do galo, por muitos considerado o time a ser batido
Pra celebrar seu jubileu de prata botou em jogo a taça num amistoso no domingo

Nas quatro linhas pintadas de cal, junto ao círculo central, o time reunido
A multidão o clima incendeia, Zum Zum no terrão é a massa de chuteiras
Mordi um espeto de filé miau, quando vejo que afinal chegou o inimigo
Desembarcaram de uma van lotada com a gana de quem busca um prato de comida

E o Zum Zum, um time de valentes, logo no par ou ímpar já saiu na frente
Jogando em casa, franco favorito, a mais de trinta jogos se mantinha invicto
Goleiro largo, defesa intrépida, meio de campo um rolo compressor
Briga na área o vulgo Zé Caveira, corria em sua veia o dom de ser goleador

Incontinente ao soar do apito, joga o meia de taquito e põe a bola em movimento
Mas em meados do primeiro tempo já se via o Zum Zum em palpos de aranha
Aproveitando um tiro de escanteio, emenda o ponta de voleio, é bola na caçapa
Um a zero para o time visitante, apitador e ajudantes caçados a tapas

Mas sempre tem a turma do deixa disso, puseram panos quentes no rebuliço
Novo juiz tentava melhor sorte, disputava o Zum Zum, um jogo de vida ou morte
O treinador sacava três do time, era o empate um resultado salvador
Num tiro longo o morrinho artilheiro ludibria o arqueiro estava lá o segundo gol

Fechou o tempo, parecia hospício, em vão o adversário tenta o armistício
E eu olhando tanta coisa que voava, cheguei até pensar estar na Faixa de Gazza
E o conflito parecia não ter fim, corria o adversário mais do que notícia ruim
Um contingente militar assume, pra botar ordem, a moral, os bons costumes
Só teve trégua quando um pagode tocou, e o jogo no domingo ensolarado terminou

Um contingente militar assume, pra botar ordem, a moral, os bons costumes
Só teve trégua quando um pagode tocou, e o jogo no domingo ensolarado terminou