Levanto todo dia Cinco horas da matina Tentar ganhar dinheiro Pra sair com a menina Trabalho todo dia Dou um duro danado Penso na bagaça Só recebo alguns trocados Aumenta o aluguel, Aumenta a condução, Aumenta o desemprego, Aumenta a inflação Eu já não sei mais O que vou fazer Pra minha vida Poder resolver Minha vida é um caso sério Bem pior que adultério Até a minha garota Já está fora do sério Não convido para um chopp E nem pra lanchonete Carrego só cimento Na minha caminhonete Mas quando chega o dia Do meu pagamento Eu esqueço a carga Que é só cimento Conto um por um E o dinheiro é meu Arregalo os olhos, Veja no que deu (Três de dez Que não chega nem a mil Cadê o meu dinheiro?) Bom amigo sempre avisa Esperto é quem se soca E eu, novamente, Fiz a conta na padoca Mandado por ninguém Se fosse nos vinténs A pura e viva nota Que eu gastava era de cem Cento e cinco de cerveja Batida com cereja Onde você andou? Te faço um convite Me diga como foi O dia em que nasci E o que tanto faço Perdido por aqui Paguei aquela conta Com cheque pré-datado Dei uma desculpa, Pagamento atrasado Ajunto meus pedaços E volto a trabalhar Se der, no feriado Uma praia eu vou pegar A garota se arruma Eu fico o maioral Hoje é dia nove, Amanhã eu tô legal Mas quando chega o dia Do meu pagamento Conto todo mês O mesmo sofrimento Fico iludido, O dinheiro é meu Conto um por um E veja no que deu (Três de dez Que não chega nem a mil Cadê o meu dinheiro? Cadê o meu dinheiro?) Encontrei uma cigana Que leu a minha mão Ela disse: "- Meu amigo, Cê não tem dinheiro não Então compra esse amuleto Você vai ficar legal Vai ganhar uma grana Levantar o astral" Segunda-feira, terça-feira, Quarta-feira, quinta-feira Chega sexta e sabadão E a resposta é sempre não Encontro a cigana E sabe o que ela diz? "- Você é azarado Ou não sabe ser feliz" Fiquei angustiado Quase que pedi arrego Lembrei que recebo Meu dinheiro no emprego Peguei a caminhonete Entreguei todo o cimento Pra não ter mistério No dia do pagamento Acabei o meu serviço O pneu tava furado Carreguei tudo nas costas Tudo que tinha sobrado Mas eu cheguei a tempo, Não posso me ferrar Porque meu ordenado Agora vai ter que chegar Quando chega o dia Do meu pagamento Eu esqueço a carga Que é só cimento Conto um por um E o dinheiro é meu Arregalo os olhos, Veja no que deu (Três de dez Que não chega nem a mil Cadê o meu dinheiro? Cadê o meu dinheiro?)