Meu velho pingo já está cansado Dos velhos tempos de lidar com gado Aquele pala que foi minha coberta Hoje só resta num canto guardado E quando eu olho pra aquele arreio Vejo meu laço velho arrebentado Tudo é lembrança de muitas proezas Deste que agora vive dominado Quem me domina é uma saudade Que há muito tempo vem me maltratando Sei que não posso mais voltar pra lida E pouco a pouco vou me conformando Sinto meu corpo já envelhecido Vejo meu rosto velho enrrugado Mas não receio de pegar no chifre De um boi alçado e jogar deitado Sinto saudades de tropear nos pagos Pousar na estrada perto de um capão Ver um churrasco em cima do braseiro Olhar a cuia andar de mão em mão Pego no pinho e canto uma toada Até parece que tudo é um sonho E este sonho eu lembrarei até morrer