Tom: C C G7 C Na tarde boca da noite, inventei uma caçada; G7 C Na costa de uma restinga, deixei uma trampa armada; G7 C Para ver se ali caía, um sorro nesta emboscada. G7 C O tal sorro que eu queria, já me era um desafio; G7 C Bicho pequeno que havia, ele passava no fio; G7 C Leitão, borrego e galinha, roubava do pobrerio. G7 C No outro dia bem cedo, primeiro cantar do galo; G7 C Apiei da minha cama, e amuntei no meu cavalo; G7 C Fui ver se tinha caído, na trampa o sorro que falo. G7 C Tinha caído sereno, tava molhado o capim; G7 C Apanhar aquele sorro, era uma honra pra mim, G7 C Pra quem rouba da pobreza, a gente tem que dar fim. G7 C Lhe chamam de sorro manso, que de valde não se arrisca; G7 C Mas de longe eu vi o bicho, meio engasgado na isca; G7 C Quando se sentiu das pata, chegava soltar faísca. G7 C Mas o sorro é bicho esperto, raça de bicho ladino; G7 C Quebrou as garras da trampa, decerto o arame era fino; G7 C Embora de pata renga, fugiu do triste destino. G7 C Mas eu como fui soldado, na vali da disciplina; G7 C Fiz um cargo aproximado, fui lhe esperar numa esquina; G7 C Já ia saindo o sorro, do meio de uma faxina. G7 C Eu larguei o meu cachorro, um pitoquinho colera; G7 C O sorro já ia longe, passando numa porteira; G7 C Pra se pegar este bicho, só tiro de boleadeira. G7 C Já meu pitoco chegava, quase na cola do sorro; G7 C Quando o bicho perseguido, deu um grito de socorro; G7 C Livrai-me senhor dos matos, dos dentes deste cachorro. G7 C Fez volta e fez contra-volta, veio e entrou num buraco; G7 C De tanto correr o bicho, eu já me sentia fraco; G7 C Quando chegou meu pitoco, já fui tirando o casaco. G7 C Metendo a mão pela toca, tirei ele pela oreia; G7 C Quantos crimes tu tens feito, entre galinhas e oveia; G7 C Não foi por nada que Cristo, não te botou sobrancelha. G7 C Nem assim o sorro véio, nas garras de minha mão; G7 C Entregou a rapadura, gritou e pediu perdão; G7 C Me apelou pro sentimento, e eu tive bom coração. G7 C Dei-lhe uma sova de laço, com a tala de meu reio; G7 C Dizendo é pra que aprenda, a não roubar o alheio; G7 C Comer criação dos pobre, é um pecado dos mais feio. G7 C Larguei o sorro riscado, mesmo que jaguatirica; G7 C Ele ouviu o meu conselho, que pros demais aqui fica; G7 C Todo ladrão de respeito, só rouba de gente rica.