Pedro Ortaça

Orgia Pampeana

Pedro Ortaça


Orgia Pampeana

Que ânsia maleva que escarva em meu peito 
Que vontade capeta de ter que sair 
É a malvada saudade da noite teatina 
Que me empurra de encontro para onde quero ir 
Um banho de sanga e os panos de festa 
E o potro de trato e aperos chapeados 
A estrada em silencio me escuta cruzando 
Sabendo que vou retoçar no povoado 

Pirilampos me acenam com luzes salteadas 
A lua desliza prateando o capim 
Mariposas rodeando o candeeiro da noite 
Chorando saudade que sentem de mim 
Esta ausência termina de pronto e de soco 
No clarim do meu potro anunciando a chegada 
E os acordes sonoros da noite guria 
Parindo cantigas se faz madrugadas 

Se o breque do tempo me manda que pare 
O relógio da vida me manda seguir 
E o abraço matreiro da noite pampeana 
Me maneia de amor para não ter que partir 
Então assim fico apalpando as estrelas 
Bulindo o destino da flor mal-me-quer 
E o abrigo da estância que espere minha volta 
Num retorno sovado de trago e mulher.