Rotina mal paga Não sobra no bolso O mesmo desgosto O velho refrão É pique, é piquete Estamos em greve E quando amanhece Não abre o portão A rua se agita Tão subitamente E o sonho da gente Estremece o patrão E cercam esquinas Vias, viaturas A mão que tortura Vem lá do porão Varais estendidos A roupa que seca Tremula inquieta Manchetes de sangue Um tiro, um disparo Um grito de dor E um trabalhador Boiando no mangue Rotina mal paga Quem vive da sobra A vida lhe cobra Pra ganhar o pão Catando o esbanjo Riqueza de poucos Do dono do porco Da situação A vila, o morro A periferia Saudade, maria Ganhou o mundão Não manda noticia Só manda dinheiro Tão só no estrangeiro Não vive sertão