Eu prefiro cantar a minha terra Os barracos, vielas deste chão A miséria beirando o São Gonçalo Porta da frente do rincão É preciso lembrar o saladeiro Dia e noite o açoite, a escravidão Charqueada mandando no destino Filho pra Europa, negro no porão Eu prefiro cantar a minha terra Dor que encerra no peito cantador Das meninas da Praça Pedro Osório A luta diária dos camelôs Eu prefiro chamar a minha terra Pelo seu nome não perco o tom Do contrário é visão iluminada Tão somente por luzes de neon Vê bem, vê lá Esta terra É feita de gente Camará!!! Sol poente num beco do arrabalde Cheira cola um menino na calçada Têm noticias da alta sociedade Faliu mais um neto das Charqueadas Ponta a ponta percorro esta cidade Manifesto, protesto com os estudantes Em fevereiro eu sou Bruxa Sou Pelotas, Farrapo, sou Xavante Bom Jesus, Cascata e Lagoa Manhãzinha se vai o pescador O pó da estrada destas serras A gente buena do interior Eu prefiro chamar a minha terra Pelo seu nome não perco o tom Do contrário é visão iluminada Tão somente por luzes de néon