Tá de carranca, ta de cara feia pra mim, Bico de pato, o maior tempo de fato é assim Não foi pra Aruba, não tomou sorvete E me derruba puxando o tapete O vaso tá rachado, o disco arranhado, A fiação ta dando curto Eu já não curto mais Eu já lambi sabão, Eu enxuguei o gelo, Eu já chupei limão, Já enovelei novelo Mas não há nada que pague o tempo que prossegue: Arranca-rabo: com o diabo que te carregue! Tá na retranca, desfrutando amargura Bicho do mato vem rosnando e me censura: É a toalha esquecida, é a roupa no chão, É o lençol mal esticado, o leite no fogão Você quer tinta a óleo, eu quero aquarela, Você só quer a outra, eu insisto naquela, Se eu mudo de canal, ou mudo a estação, Desliga o meu sinal, acaba com a canção, Mas se a questão é gosto, isso não se discute: Arranca-rabo com o diabo que te deguste! E a história se repete, é mesmo assim, Para quem vive em São Paulo ou Pequim, Para quem vive em palacete ou barracão Para quem come caçonete ou salmão, É o pesadelo que, acordado, lhe persegue O travesseiro deformado não conforta, Quer respirar na superfície e não consegue, Essa união é que te leva à banca rota O vaso tá rachado, o disco arranhado, A fiação ta dando curto Eu já não curto mais Eu já lambi sabão, Eu enxuguei o gelo, Eu já chupei limão, Já enovelei novelo Mas não há nada que pague o tempo que prossegue: Arranca-rabo: com o diabo que te carregue!