O lago era vermelho brasa, o lago era vermelho brasa Sempre que acabava o dia eu podia jurar que escutava Alguém cantando pros raios da Lua com tal sentimento Que aprisionava as ondas que tinham menor comprimento O lago era vermelho brasa e do lado havia uma placa Mas ninguém ao certo sabia o que aquela placa dizia Me disseram que em um celeiro trabalhava um velho vaqueiro Que enquanto tratava dos bichos contavam-lhe histórias Eu sei sim o que aconteceu, mas acredito eu Que a minha memória não mais se recorda de parte da história Mas irei lhe contar mesmo assim, não me leve a mal Se contando esse caso a chorar me desabo por meio do acaso É que por meu palpite, história mais triste ainda não existe Mas te faço um convite, nas coisas que disse, não pense, acredite Era uma vez uma pobre menina nascida com um dom sem par Doce menina de olhos vermelhos que ninguém podia fitar Menina morena de vida pequena que bem poderia deixar Incontáveis dias de pura agonia vivendo uma vida sem lar Se não falha a memória essa tal menina sequer conseguia falar Mas quando de noite que a Lua subia querendo no lago espelhar Aqueles que nas profundezas viviam do qual nunca ouvimos falar Pra superfície do lago subiam pra melhor ouvi-la cantar E ela fez do lago sua casa e o lago com ela falava Ela nunca respondia, mas o lago nunca se importava Pois o silêncio que ela preservava em seu pensamento Fazia sua voz ecoar bem mais longe no espaço e no tempo Mas seu canto também despertava este ser que se alimentava De qualquer inocência ou magia que habitam nos olhos de fada E enquanto ele se espreitava, sentiu cheiro de olhos de brasa E correu feito um louco pra saborear sua presa Já vou avisando que essa história talvez possa não agradar Pois nem todo conto é feito de vitórias, alguns vêm pra nos despertar Menina morena sua vida é pequena, mas ela pode se encurtar A alma que é tua, debaixo da Lua, ninguém poderá te roubar E pela floresta o diabo com pressa tentava a menina encontrar Dentro do lago ela se escondia lutando pra não respirar Com a calmaria sua mente esvazia e a escuridão vem pra reinar Enquanto seu corpo aos poucos caia, pro fundo das águas, sem ar Eu não sei bem o que aconteceu, mas acredito eu Que essa tal natureza cheia de proeza não é só beleza Por favor não me olhe assim, nem me leve a mal Se a sua alma pura achar que é loucura verdades tão duras A mudança na água ocorreu brevemente ou no mesmo instante Em que o lago roubou toda a vida que havia em seus olhos de sangue E aqui finalizo a minha história enquanto ainda posso parar Muito obrigado pela companhia, mas agora vou trabalhar Ao lado do lago, o que estava grafado, por fim eu vou te revelar No fundo das águas habita uma alma que um dia encontrou o seu lar Aqui eu te deixo com esse desfecho pra sempre a te atormentar Mesmo com anos de esforço seu corpo ninguém foi capaz de encontrar E se ainda duvidas, então lhe convido ao lago Brasil retornar Esvazie sua mente e ouvirá claramente uma voz a inocente a cantar