Dos transportes de boiada Do meu tempo de peão Conservo o velho gibão E toda a traia guardada No repique de um berrante Já fui peão caprichoso Destemido e corajoso Ao lado de uma peonada Eu arreio o pantaneiro Com meu laço e o chinchão Em cima do meu mulão Pegava boi na emboscada No recanto perigoso Há tempo como vigia Quantas vez também seguia Na culatra da boiada Recordo meus companheiros Daquela lida bravia Dos transportes que eu fazia Das bandas do Araguaia Pegando boi barbatão Com arrojada destreza Já fiz mais de mil proeza No lombo da mula baia Parece que estou vendo O cair das tardezinhas Pedaços da vida minha Hoje vivo a recordar Das madrugadas cheirosas No início da jornada O grito da peonada E um berrante a repicar Ganhei por recordação Um lenço branco bordado De quem já fui adorado Lá nas terras paraguaias Assim fiquei conhecido Em todo o chão brasileiro Como o rei dos estradeiros O peão da mula baia