Numa noite de luar um lindo cantar se ouvia Longe o eco respondia dentro na mata fechada. Relembrando algum passado que foi e não existe Aquele caboclo triste cantava esta toada Lua cheia que clareia a verde mata Venha e tira do meu peito esta paixão Sou aquele desprezado que padeço Sem consolo, sem abrigo e sem perdão. Já não canso de chorar mais neste mundo Não resisto esta minha grande dor Peço à morte que me tire desta vida É somente o que merece um pecador Enquanto eu escutava aquele cantar dolente Silenciou tão de repente, nada, nada mais se ouvia; Ansioso e desesperado saí pra aquele lado No rumo que a voz nascia Bem lá volta da estrada um vulto branco avistei Quando mais perto cheguei reconheci quem padecia Era um pobre seresteiro que ali caiu cantando Pra mi falou variando na derradeira agonia Seu moço este lugar é deserto Não tem vizinho por perto que possa me socorrer Mas o senhor mesmo sozinho Me guarde neste ranchinho e acabou de morrer Quando foi no outro dia de tardinha Um cortejo conduzia seu caixão Foi-se embora pra sempre o seresteiro A voz mais linda que encantava o sertão. Escreveram no violão deste poeta Uma letra que ele mesmo rimou Foi a ultima toada sertaneja Que no dia da sua morte cantou.