Um peão de boiadeiro certo dia resolveu O seu cavalo de raça na cidade ele vendeu Mil e quinhentos reais foi quanto ele recebeu Pegando aquele dinheiro Gritou pro seus companheiros hoje quem paga sou eu No primeiro bar que entrou com seus amigos do lado Gastou cinquenta reais do dinheiro arrecadado No bolso do paletó o resto ficou guardado Nesse dia ele abusou Tanta pinga ele tomou que ficou desnorteado Quando voltou pra fazenda já era de madrugada Chegou sem o paletó não se lembrava de nada Não sabia onde perdeu, falou pra companheirada O que eu sinto mais na vida É uma oração da Aparecida que eu trazia bem guardada O paletó na estrada pelo vento era levado Os carreiros que passavam pra não ver os bois assustado Chuchava com o ferrão e pros barrancos era jogado Até um andante passou Com desprezo ele chutou o tal paletó rasgado O peão num belo dia por ali tornou a passar Com surpresa ele avistou no meio de um arrozal Era um Judas balançando num galho de cambará Servindo de espantalho Todo molhado de orvalho seu paletó estava lá Aquele paletó velho que a poeira escureceu A pessoa que achou em seus bolsos não mexeu Estava lá todo o dinheiro e a oração que ele perdeu Sei dizer que depois dessa Cumprindo uma promessa nunca mais ele bebeu