Me criei em Araçatuba Laçando potro, dando repasso Meu velho pai pra lidar com boi, Desde de menino guiou meus passos! - Meu filho o mundo é uma estrada Cheia de atalho, tanto embaraço Mas se você for bom no cipó Na vida nunca encontra fracasso. Com vinte anos eu parti Foi na comitiva de um tal Inácio Senti um nó me aperta a garganta Quando meu pai me deu um abraço. - Meu filho Deus lhe acompanha São estes os votos que eu te faço E como prêmio do seu talento Lhe presenteio com este meu laço. Por este mundo afora Fiz como faz a nuvem no espaço Viajando ao leu conhecendo terra Sempre ganhando dinheiro aos maços Meu cipó em três rodilhas Cobria a anca do meu picaço Foi o que me garantiu o nome De boiadeiro punho de aço. De volta pra minha terra Viajava a noite com o mormaço Naquilo eu topei com uma boiada Cortando o rio vinha passo a passo Um grito de um boiadeiro Pedindo ajuda cortou espaço Eu vendo o peão que ia rodando Saltei no rio com o meu picaço. A correnteza era forte Tirei o cipó da chincha do macho E pelo escuro ainda consegui laçar o peão por um dos seus braços Ao trazer ele pra praia Meu coração se fez em pedaços Por um milagre que Deus mandou Salvei meu pai com seu próprio laço!