Pedro Barroso

Viriato

Pedro Barroso


Trago comigo uma guitarra para a viagem 
na minha voz esta canção antiga 
tenho nos olhos mais do que a paisagem 
a memória e o sal da gente amiga 

não feneceu ainda em mim o velho sonho 
trago na ideia uma razão e um sentido 
que eu tenho o mar, o fundo mar, por testemunha 
e a esse mar que em mim navega tudo é devido 

e há qualquer coisa em tudo isto 
que eu não posso ou sei esconder 
e que faz com que vos cante esta canção 
é uma história um gesto antigo 
que eu nem sei como dizer 
Viriato tem mil anos de razão 

É do verde e fresco Minho que eu vos falo 
e dessa calma alentejana que nos cala 
e é em casa junto ao rio Tejo que me embalo 
e é em Sagres que essa história mais nos fala 

lá nas Atlântidas perdidas de um sonho 
ou num velho cacilheiro que nos leva 
e há nas ancas das varinas no Porto, na ribeira, 
todo um mundo que nos lembra e que celebra 

e há qualquer coisa em tudo isto 
que eu não posso ou sei esconder 
e que faz com que vos cante esta canção 
é uma história um gesto antigo 
que eu nem sei como dizer 
Viriato tem mil anos de razão