Pedro Barroso

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Pedro Barroso


Arranja-me um fio de prata dois silêncios e um sorriso 
e desaperta no peito dois botões p´ro paraíso 
e dá-me beijos na testa quando começar o dia 
sorri-me longa a manhã no teu corpo devagar 
sendo horas de nascer tu sabes o teu lugar 

de dia estamos distantes como quem não dá por isso 
mas pressentimos no corpo uma espécie de feitiço 
responde à posta restante anúncios confidenciais 
se não existires eu faço-te 
já esculpi outras que tais 
que às vezes ao fim da tarde quando me vem cansaço 
vou atirar-me p´ro maple e encontro o teu regaço 
e tu dizes coisas andas zangada comigo 
e eu fico na plateia e nem sei bem o que digo 
e irritada tu beijas resvalas mordes ondulas 
e eu que andava tão longe quando m´insultas e pulas 

eu transformo-me da pedra em ondas gaivotas mar 
e eu que não estava ali reparo nas tuas pernas 
reparo na tua boca 
e passo de novo a estar 

reparo na tua boca que eu nunca soube explicar 
e sinto incêndios nas veias e sinto incêndios no mar 
vêm aí horas ternas são horas de mergulhar 
desculpa Mundo - já demos!... São horas de te esquecer 
são horas de enlouquecer - desculpa lá vou fechar...