Dá-me o vento às vezes vontade de partir E chego a cegar de tanto arder o sol E troco os rumos certos por estrelas Azimutes ideais por fantasias E acordo num discurso de camélias E mordo a erva em prados proibidos Como um cavalo à solta que fugisse Ao tempo do saber insustentado E parto sem freio na noite intensa Como se o futuro fosse uma palavra E eu sem saber por quê que nunca soube E se soubesse mesmo assim não saberia Depois magoo-me na selva repetida E mergulho num oceano da loucura E troco rumos certos por estrelas Azimutes ideais por fantasias E descubro por bússolas e sextantes Novas Ilhas tempestades e tornados Caminhos inventados navegantes Mas dou por mim voltando a casa como dantes E volto aos teus dedos regressado Como se o dia iluminasse e o mar abrisse E eu sem saber por quê que nunca soube E se soubesse mesmo assim não saberia E abraço em ti a ponte de viver Entre mim e o ritual e a vaidade E enches-me de beijos e desmontas Essa cegueira que eu tenho de inventar a liberdade Ser eu é mais que ser é pertencer-te E só há uma pessoa no mundo a saber disso Não dá para vos explicar Não dá para vos dizer Se eu fosse escultor eras monumento Se eu acreditasse eras feitiço E eu sem saber por quê que nunca soube? E se soubesse mesmo assim não merecia...