Uivos de lobos na madrugada Cães no sonho O delírio que se faz eterno, o suplício que se vê bendito A cura que se quer maldita Sob a cumplicidade da lua o homem desvirgina a selva, rasga sua carne assim como ela rasga sua mente Ele corre, procura abrigo; foge dos olhos e sons que afugentam Na caverna escura o homem recria o fogo, luz divina protege seu sono Entre fechar os olhos e amanhecer há a morada do demônio Aqui, o homem é um menino rodeado por cães selvagens famintos Aqui, coroas de espinho são desejados turbantes A trincheira é formada por lágrimas e orações Um suspiro transforma o menino novamente em homem A fogueira anuncia que a noite deveria ter acabado Mas não acabou Pobre resquício de homem! Ainda não sabe que a noite não findará O delírio que se faz eterno...