Foi de um lugar distante Que pra esta terra eu vim Pensando na minha vida Quando estivesse no fim Lá eu era um meeiro Um escravo do patrão A lavoura que plantava Pra ele a metade eu dava Para aumentar seu quinhão Assim foi a minha vida Por muitos anos seguidos Naquela mesma fazenda Aonde eu fui nascido Até que um certo dia Busquei minha liberdade Preparei minha bagagem Com a cara e a coragem Vim morar nesta cidade Aqui também já faz tempo Que moro com a família Em uma casinha simples Sem nenhuma mordomia Mas aqui é bem pior Que dói até em pensar Aqui não tenho prazer Falta até o que comer O que não faltava lá Só uma coisa agora É o que me resta fazer É voltar a ser meeiro Pros filhos sobreviver Eu aqui nesta cidade Só tive decepção Aqui não ganho dinheiro Porque lugar de meeiro Tem que ser lá no sertão