Velho carreiro, cadê o carro de boi? Velho carreiro, cadê o seu gibão? Velho carreiro, cadê o carreadô? Cadê a canga, os canzis e o ferrão? Velho carreiro, até os bois de carro Foram pro corte à pedido do patrão Velho carreiro, o sertão emudeceu Não tem vai boi, não tem gemido de cocão Só a lembrança emparelhada é que ficou A velha canga a enxurrada arrastou O velho carro apodreceu lá no relento Na cabeceira do velho carreador Com o progresso a tradição se acabou Quanta saudade do bom tempo que passou Sem o carreiro o sertão silenciou Tenho a certeza que ele também chorou Velho carreiro, no sertão não tem mais nada Os curiangos cantam triste nas quebradas Não tem viola nas noites enluaradas Nem seresteiros cantando pra sua amada Velho carreiro, tem sua marca registrada Foi pioneiro levando carga pesada Onde o asfalto cobre a terra das estradas Passou carreiro, boi de carro e boiada