Paulo Nascimento de Iguatu

Um Pedido Aos Filhos Meus

Paulo Nascimento de Iguatu


Eu hoje olhando no espelho é que me dei conta
Que o peso dos anos fizeram-me afronta
E que a juventude a muito eu perdi
Partiu sem me dar a chance de evasiva ou fugas
Deixando na face carquilhas e rugas
Dando sinais claros que eu envelheci

Meus passos estão muito lentos e fora de escala
Recorro ao auxilio de uma bengala
Pra com segurança me locomover
Mas essa é a lei da vida que a todos conduz
Nasce cresce nutre-se e se reproduz
Deixa a descendência pra depois morrer

Meus filhos no fluir da vida rascunhei os traços
Conquistei vitorias amarguei fracassos
Tive encantamentos e desilusões
Mas hoje olhando o passado é que compreendo
Que muitas pendências fiquei lhes devendo
Isso é o que me causa tantas frustrações

Não deixo fortunas fazendas, ou se quer poupança
Porem com orgulho deixo como herança
Para que prossigam com seus ideais
A marca da minha humildade para ser seguida
Os muitos conselhos e as lições de vida
Que aprendi na infância com meus velhos pais

Então filhos meus agora lhes faço um pedido
Cuidem desse velho que já foi vencido
Pelo tempo ingrato que sem condolência
Causou uma enxurrada de tombos e trancos
Meus cabelos loiros ora já estão brancos
Enturvando o brilho da minha aparência

Portanto eu quero que saibam que estou coeso
Que jamais pretendo transformar-me em peso
Nem num embaraço que encubra a essência
No seio das suas famílias sombreando os brilhos
Então o que peço pra vocês meus filhos
É bastante calma e muita paciência

Meus filhos aqui eu encerro esse meu poema
E cada mensagem que passei no tema
Servirá pra um dia na posteridade
Vocês lembrarem de mim como um pai modesto
Mas com o nome limpo e um passado honesto
Que deu bons exemplos para humanidade