Venho repensando a vida que há muito tempo esmero Peleando cos quero-quero na cruzada das campinas À pesito me governo lutando pelo meu pasto Trago o cavalo de arrasto nas andanças peregrinas Sou índio que não se adorna eu assumo e não me acanho Só de vez em quando um banho me pega de relancina Meu sombreiro bem tapeado me serve de travesseiro Nem reparo no mau cheiro que me entranha pelas crina (A vida de um tropeiro não pede muito capricho Reveza campo e bolicho nestes fundos de rincão Desenha o Rio Grande a casco, lidando com as gadarias Rasgado de pulperias e de amor pelo seu chão) Quando me alivia uns troco eu torro numa noitada Campeio na madrugada uma sarna pra me coçar Mas cedito me levanto já com o baio no costado Que anda meio esgualepado mas pronto pra trabalhar E na tropeada da vida vou deixando meu legado Não me paro de rogado se a xina me enfeitiçar Apesar de minha estampa se a fêmea não for lindaça Dô de mão numa cachaça e me arranco pra outro lugar