Quando visto minha bombacha já me sinto mais gaúcho Cevo um mate e só por luxo dô de mão no violão Na sombra de um cinamomo meus versos fazem abrigo Mateiam junto comigo na soledade do meu chão No escuro do meu rancho só meu cigarro de palha Traz a luz que me agasalha nas noites de solidão E a fumaça minha amiga, deste fogo companheiro Faz do meu pago o luzeiro que hoje enseja o meu refrão (Meu ranchito é o retrato de um Rio Grande mais antigo Além de ser meu abrigo, me serve de inspiração Depois de um dia de campo, quando a lua nos visita Deixa a casa mais bonita e traz versos pro galpão) A voz de uma poesia não se apaga com o tempo Nem se perde no relento de uma vida que findou Este chão que hoje tu pisa amanhã te traz a erva E a história que tu conserva no tempo se acomodou Nunca me sinto sozinho quando estou acompanhado De um verso que vem botado ou de uma prosa morena Quando me atiro na rima até o rio grande soluça Pois nem que essa vaca tussa mudo meu jeito torena