Não me deixo ver chorando por baldas do coração Mas um dia me vi em prantos ao voltar pro meu rincão Naquela figueira antiga que cuidei com devoção Dependurado num galho, meu pai a metros chão Ali mesmo foi o leito debaixo daquele céu Meu velho foi enterrado com chinelos e o sovéu Aquela mesma figueira que antes foi carrossel Agora era campo-santo com toques de mausoléu Nessa árvore da vida uma imagem vem e vai Era vida ou era morte, ninguém saberá jamais Em sua sombra me ajoelhava, rezava para meu pai Por capricho do destino hoje não existe mais Quando chegou um servente de uma multinacional Com a retroescavadeira foi limpando o matagal Não respeitou a figueira nem a cruz do funeral Destruiu nosso jazigo, por ganas de capital (Todo caminho é sem volta, o meu não foi diferente Mas temos que olhar pra frente, felicidade é direito Contei toda minha história e te digo meu amigo Trago meu velho comigo no lado esquerdo do peito)