Nana neném Sono vai bater Mamãe já apanhou, sem saber porque Nana que o céu Não sabe esconder Que é tempo ruim Que a chuva já vem Nana não chora Não é hora, não chora Eu sei que a fome, não pede, implora Já passa da hora, não tem mais esmola Ninguém aqui fora Não grita, não chora Ouço ruídos Sirenes, gemidos É tarde, são gritos Do povo esquecido Mas não tem perigo Estou com você Não tenho mais medo E nem sei porquê A chuva chegou O céu vai cair Dorme meu filho, não dá pra fugir Tem muito jornal Pra nos aquecer Fique quietinho Pro dia nascer Vai mudar o tempo A sorte também Alma bondosa Um dia aqui vem Mas nunca sorria Milagre não tem Tem que ser forte E mamãe também Amanhã quem sabe Alguém com bondade Te leva pra longe Pra outra cidade Te faz como um filho Dá vida de gente Lá longe dos olhos Coração não sente Mas nunca se esqueça Nunca apareça Não quero que veja A miséria onde eu vivo Só vivo porque Ainda tenho você Mas tenho que achar Alguém pra te dar Eu olho, procuro Não vejo ninguém Então dorme filhinho Nana neném