Paulo Britto

Valsa

Paulo Britto


Meu amor andará na razão do meu ser
Eu que navego no espaço
Cativo o cansaço
Sou dono de que?
Levo esse barco no seco
E nas ruas um beco
Me leva a você
Eu já lhe dei minha prenda
Você que se renda
E atenda essa dor
Eu levo jeito de triste
Você flor que existe
Me brote esse amor
Mesmo que tenha vontade
De ir de verdade
Pra longe de mim
Troque de idéia ligeiro
Que eu sou o seu primeiro
E serei o seu fim
Meu amor andará na razão do meu ser
Eu que plantei esperança
Colher não me cansa
Não sei mais perder
Sou o que você cultivou
Estou cego de amor
Só enxergo você
Eu que suplico obrigando
Que peço ordenando
Esqueço de cor
Quando você num carinho
Me pede baixinho
Sou menos maior
Eu que detesto rotina
Você foi a sina
Que enfim me encantou
Eu que só faço o moderno
Hoje visto meu terno
E esta valsa lhe dou
Meu amor andará na razão do meu ser