Não muito longe uma trêmula voz vai É um poeta cantando sua dor Envolto em pranto esse canto se revela É um belo blues de amor Há uma cama, uma dama, flores belas Vestido rosa, fitas amarelas Um vento leve entra pela janela Espalha pela casa o cheiro dela É fim de tarde e lá no quintal Coral de pássaros... sobrenatural A cadeira na varanda O rádio toca uma valsa Lembranças de tempos bons Um livro, uma lareira Sua trança, seu sorriso Tudo a sua maneira A sua falta é uma dor congelada no peito O quadro perde a cor O piano o seu jeito O girassol não segue o sol Não segue a valsa A pressa virou pausa E o Luto virou cor Se o amor é dor que desatina sem doer Preciso dessa dor pra poder viver Coração feito pra viver a dois Não suportará a dor de estar pela metade Pulsará lento Pulsará lento Pulsará lento