Quando eu nasci achei que ia ser tranquilo Fui entrando pela vida como fosse um paraíso Sai do casulo tão quentinho de mainha Tinha abrigo, colo, água, carinho, comida, tudo Cheguei nessa coisa d’água chamada de terra Uma interminável guerra já estava me esperando E viver agora, assim virou a minha escola Desde quando eu dei-me conta que depois tudo piora Cai, na selva com leis e leões Cercado por caos e canhões E um bando de ditos normais, criando conflitos por paz Guerras em nome de Deus, em nome do pai Preguiçoso e distraído fui tachado e foi-me imposto Caber dentro do juízo e negar meu próprio gosto Modelar meu rosto, enquadrar-me às premissas De uma ordem que me obriga a negar minha própria vida Sempre assustado com essa tal vida normal Vendo tantos do meu lado se deixando pro final Fazendo da vida uma zona sem saída Lida árdua, dolorida, à espera da partida Cai, num tempo com grades prisões Fronteiras muralhas roletas patrões E o tanto dos que nada tem Produz a riqueza dos que tem demais Eles não sabem dividir Me pergunto então o que seria se um antúrio Lhe encontrasse algum defeito, e mexesse no seu jeito Ou se o leão forçasse a todos da floresta A viver como ele acha que a natureza deve Tudo não seria diferente, como tudo Pleno, belo e perfeito, perfazendo-se no eterno Do jeito que a pacha mãe natura concebeu Cada qual com o seu jeito, juntos, dando luz à deusa Cai, na selva com leis e leões Cercado por caos, e canhões E um bando de ditos normais, criando conflitos por paz Guerras em nome de Deus, em nome do pai Paola, rodrigo, baba Paulo, deusa lúcia Fez passar ser garantido e de quebra um sonho vivo Descobrimos juntos quão fugaz é a magia Que aqui chamamos vida, um milagre perigoso