Como que tu andavas Pois não denunciavas A mim o teu encanto? E mesmo sem saber Eu, sim, chegava a crer Pudesse ser real Em curvas desenhadas Em dez mil madrugadas Fiz um acalanto Domei todas as feras No tempo em que eras Aurora boreal No mundo surreal Tu me amavas tanto Mas me faltou o mapa astral De descobrir-te De revelar-te Da arte de saber enfim A tradução mais clara e louca Dos olhos e da boca Que se atravessaram Antes mesmo de existirem E assim atravessei Achando que a lei Traria algum consolo Me calejei nas cordas E nas horas mortas Estranho ritual De flutuar no espaço Sonhar com os teus braços Me excitar no dolo No fim tudo vazio E aquele tênue fio A espera de um sinal E um dia o sinal Que eu desejava tanto Chegou em instante virtual Pra descobrir-te Pra revelar-te A arte de saber enfim A tradução mais clara e louca Dos olhos e da boca Que se atravessaram Antes mesmo de existirem Quem disse que era tarde Que você já era morta De boa: A uma alma a toa O que mais conforta? Antes uma vida inquieta De valer a pena E agora estas aqui Eu quero me fundir Deixar uma só aorta Desfeito o adverso Quero cravar meu verso Na tua alma morena