Quem fez da cidade gula preguiça luxúria não fui eu Ah, mas bem que invejo o Criador Que em plena soberba desceu toda santa ira e fudeu E com avareza nos deixou Esse paraíso com a brisa do fogo eterno Tênue linha entre o céu e o inferno Se pequei Senhor, foi por deixarem tanto rabo à exposição Essa penitência, eu devo a quem? Rogo a indulgência, eu contrito, me afogando no galão Lembro-me da morte e digo amém Salve esse povo que sustenta o mercado Era tanto padre e pastor desempregado Eu sou A má companhia Extravagante barroco Eu prego a peça Eu faço a promessa Pro santo do pau oco Eu não vi a cor, não vi o braço, nem os dedos ou o anel Quando a espada decepou Estava na alcova com uma tronga, fornicando no papel Desaforos ao nosso Feitor Rezo com a mão que por ai inda fustiga Na busca do gozo, e o rosário me fatiga Sim, pequei Senhor, mas vossa ovelha desgarrada se perdeu Diante da oferta abundante Se nessa cidade a verdade vós plantastes, quem colheu? Triste exemplo, ó quão dessemelhante Mas vosso perdão de tão divino, não se esgota Diz-me Pastor, do lupanar já bato à porta Eu sou Triste Bahia Ad aeternum Na queda de braço Eu sou o cachaço A boca do inferno