Urutau piou no toco Nhambu lá no ticuma Tincoã no pé de coco Caboré na samaúma Tanto foi pio de agouro Que atraiu o camiranga Deve ser pra mãe-do-ouro Cambirera ou curacanga Pio breve, pio grave Sairá de que garganta? Ninguém vê corpo de ave Só se vê folha de planta Canta perto e não se sente Canta junto e não se vê Não é boto, nem serpente Nem mati, nem cererê Se piar não passa vento Se cantar não corre brisa Esse som de encantamento Diz pajé que paralisa Pára a perna, estanca o braço Trava a mão, prende o joelho Sua voz vem do regaço Do tajá branco e vermelho Me proteja a mãe-do-rio De escutar tal cantilena Voz sem corpo, ave só-pio Xô! Que é juruti-pepena