Passarinho esquisito, sabe meu odor Antecipa meu caminho, pousa em minha mão Não tem os olhos de papai, mas tem cara de Estuprador Não tem as pernas de mamãe, mas tem medo da Solidão Passarinho acuado, usa a minha voz Regurgita a melodia da minha ilusão Não tem o gosto de papai, mas tem jeito homem bom Não faz carinho de mamãe, mas dissimula bem o Amor Passarinho, bicho vivo, bebe meu suor Come os pêlos do meu peito, brinca em meu nariz Não faz a sopa de mamãe, mas já envenenou alguém Não teve a vida de papai, mas ontem já morreu Também Passarinho tem meu rosto, finge que sou eu Moço firme de respeito, rara arara azul Não tem meu sangue verdadeiro, mas sente que é Igual Não é bastante estrangeiro, mas pensa que é meu Irmão