Eu sou filho do nordeste, fui criado no sertão Passei fome passei sede mas adoro meu torão Enfrentei a seca forte de fazer trincar o chão Já vi boi morrer gemendo com a linguá seca lambendo o fundo do ribeirão. No norte a seca braba era um Deus nos acuda Nordestino bão de raça como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda. O sol faiscava fogo onde batia queimava O cerrado virou lenha, nenhuma folha restava Os bichos vinha morrendo no chão quente esturricava Onde eu pescava de anzol vi peixe morrer no sol no barro que ressecava. No norte a seca a braba era um Deus nos acuda Nordestino bão de raca como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda. Embaixo de um céu de bronze, em cima de um chão queimado Joguei meu plantio no solo não nasceu ficou enterrado Passei no fio da navalha aguentei tudo calado Mas aqui estou em pé e ainda tenho fé de ver meu sertão molhado. No norte a seca a braba era um Deus nos acuda Nordestino bão de raça como o pão que o diabo amassa mas do Nordeste não muda.