Ah dr. cuma me dói Arrescordá meu passado Meu sertão de chão rachado Pela seca arrinitente Fica tudo diferente No tempo da sequidão É fôia seca no chão Casa veia abandonada Vacamorrendo atolada Na lama do cacimbão Num se avista nem anum!1 Dento do bosque esquesito, Cabra, carnero, cabrito, Morreno de um em um, Menino magro doente, E a mãe impaciente Sem saber o que fazer, E o pobre catingueiro, Nos assêro do terrero, Pedindo a deus pra chover. Menina quage criança Com o peito cheio de magua, Vai ver se arruma água Cum trez légua de distança A muié magra coitada, Guarda as panela imborcada, Num girau véi da cosinha, Os mulequim com emborná, Correno atraz dum preá Mode comer com farinha. O sertanejo cabôco Se embrenha nos tabulêro, Intrupicano nos toco, Pra ver se sarva um carnêro, Que ta morreno de fome Pois faz um mês que num come Nem mandacaru tostado; Só se avista flagelo, E a morte com seu cutelo, Matando gente adoidado. Domingo dia de fera É o maior sofrimento O pobre pega uma cela, Põe no lombo do jumento, E sai caminhando à trote, Passa riacho, serrote, Tristonho, desanimado, Vai falar com o budegueiro Prá ver se sem ter dinheiro Faz outra feira fiado. Em casa a criança chora Chega faz éco na serra Gato mia, cabra berra, A situação piora!! Na rua o pobre se vinga Enchendo a cara de pinga Esquece o que ta passano,, E a mãe em casa coitada Consolano a fiarada O dia inteiro esperano. Quando ela perde a fé Vai na casa da visinha Pede um pouquim da farinha Uma cuié de café Cuma boa mãe que é!!, acomoda a fiarada Sem durmir agoniada, Vai pra porta ver a lua Chega o marido da rua Bêbado, com fome e sem nada. Toda caatinga se cala Parece qui nem tem gente E a cauã impaciente Cantano fora de hora As porta das casa veia O vento abrino e fechano Num tem mais ninguém morano Qui a seca boto pá fora. O gado mago morreno Vítima da seca assassina Nem um galo de campina Canta pá nós escutar Só a coruja agourenta Dá uns gemido na gruta Toda vez que a gente escuta Dà vontade de chorá. O ipê roôxo num fulora Tamburíl nem catingueira Nas moita de quixabeira Num tem mais anum mara Donde os numbú de pé roxo Cantava de tardesinha E os bando de indurinha Vinha se agazaiá. A lua nasce branquinha Iguá a casca de ôvo Parece zombá do povo Cada vez mais atraente Os cadelim vira-lata Detrás da porta ganindo Parece qui ta sentindo A dor que seu dono sente. E os dr. da política?? Nem óia pro cariri Só fala de c.p.i. Nesses ta de mensalão, Chega na televisão Mentindo de cara liza Parece que nem precisa Dos matutim do sertão. Será que esses deputado Num vê qui foi n´s qui deu, Que votou, que escreveu No dia da inleição? Com uns papezim na mão Butemo lá o seu nome E eles nem vê qui a fome Ta devorano o sertão. Num ver mãe sentindo dor Botar força pra parir, E o fí sem quer sair Pro que num tem mais sustança Na agonia da fome Nasce o fí de quarquer jeito E a mãe sem leite no peito Pra sustentar a criança. É dr, vc. num sabe!! Mas é bastante doido Ver um animá caído Passando a língua no chão Quem já serviu de transporta E atendia pelo nome Dando gemido de fome Sem um talo de ração. É por isso que eu digo: As vezes me dá vontade De fazer uma mardade Com meu tito de inleitor