Não tenho nada no mundo O meu pai me desprezou Minha mãe morreu tão moça Minha mulher me deixou O meu gado na invernada Veio a peste e matou Meu café de cinco anos A geada sapecou Despois que eu tive essa quebra Comecei nova empreitada Eu podei meu cafezar Comprei gado pra invernada Mas a sorte foi madrasta Desta vez foi a queimada O que eu tinha virou cinzas Outra vez fiquei sem nada Um restinho que eu tinha De reserva lá no banco Tirei pra fazer negócios Tentei dar um novo arranco Mas ainda não deu certo Levei o terceiro tranco Meu desgosto foi tão grande Fiquei de cabelo branco Hoje vivo conformado Com o que a vida me deu Pois olhando para o mundo Há quem sofra mais que eu Que apesar de perder tudo Sou feliz nos dias meus Pois não perdi neste mundo É a fé que tenho em Deus