Havia um papagaio que chamava Reginaldo Com uma vida natural No meio do pantanal Amigo da graúna, tartaruga e do tatu Vaga-lume, da cotia, jacaré e jaburu Tinha flores, tinha frutos, tudo era uma beleza. Todo mundo em equilíbrio com a mamãe natureza. E na árvore na montanha, tinha um galho e no galho. Reginaldo fez seu ninho Oh, que ninho! Lindo ninho! Ai, ai, ai que amor de ninho! O ninho no galho, o galho na árvore. E a árvore na montanha olê ia ô. A árvore na montanha olê ia ô. A árvore na montanha olê ia ô. A árvore na montanha ôôôô... Mas um dia Reginaldo conheceu um novo bicho Que surgiu tão de repente Meio feio e esquisito, Pois andava em duas patas Tinha boca sem ter bico. Quem será esse intruso, que parece um chimpanzé? Será que come papagaio, o que será que ele quer? Perguntou ao vaga-lume: Como chama esse bicho? Esse bicho chama homem, chama humano, chama gente Chama moço, chama cara, chama como se quiser O que será que ele quer? Reginaldo viu que o homem era sem educação, Pois cortou a sua árvore sem nenhuma explicação. E cortou aquele galho, nem ligou que tinha um ninho O seu ninho bonitinho, feito com o maior carinho. Reginaldo não gostou e foi falar com aquele moço Por um triz que o machado não cortou o seu pescoço. Mas a vida continua, foi fazer sua malinha. Deu adeus à sua casa, foi dormir com as andorinhas. Que arrumaram uma caminha, toda feita de peninha. Ai, ai, ai, mas que amiguinhas! Bonitinhas! Quando todos já dormiam, acordaram de repente Era um fogo que queimava o que via pela frente. Um barulho, gritaria! Jacaré pra todo lado! Tatu de rabo queimado E a tartaruga que pedia uma ajuda pra correr E graúna procurava alguma água pra beber Reginaldo assustado bateu asas e voou Quase morre sufocado na fumaça que soprou Só voltou de manhãzinha para ver o que restava Onde estava seus amigos e a floresta que ele amava? Que foi feito do seu mundo? Oh, que mundo! Vasto mundo. Ai, ai, ai que amor de mundo! Reginaldo ali sozinho, bem quietinho ele chorou Tudo tinha se perdido, o seu mundo acabou Sentado numa pedra um barulho ele escutou Quando viu já era tarde era cocô que desabava De um bumbum de boi malhado que agora ali pastava Quase enterra Reginaldo de maneira mais bisonha. Mas que boi mais sem vergonha! Ainda veio com esse papo que lugar de papagaio é em cima de um galho Ai meu galho! Lindo galho! Onde foi parar meu galho? O galho na árvore E a árvore na montanha olê ia ô. A árvore na montanha ôôôô... Mas o fato é que a floresta virou um imenso pasto E o pasto é um vazio Com os bois comendo mato Sem contar com o cupim E um monte de carrapato Reginaldo desolado foi voando assim sem rumo E falou para si mesmo: Tudo bem, eu me acostumo. Quando então ó que surpresa! Um pau reto ele avistou Mas que estranho objeto, era um poste de concreto. E no alto desse poste ele fez um novo ninho Oh que ninho bonitinho! Ai, ai, ai que amor de ninho! O ninho no poste, o poste no pasto Reginaldo relaxou e até que ficou legal Cantava pra esquecer como era o pantanal E ali se acostumou com os bois parados de bobeira Comendo capim verde pra acabar na churrasqueira Mas vejam só a peça que o destino lhe pregou Foi comer grão de bico, uma arapuca o pegou Reginaldo foi caçado por um homem bem matreiro E vendido na gaiola para um grande fazendeiro E aprendeu falar palavras, repetir tantas bobagens Pra quê serve um papagaio aprender nossa linguagem? E cortaram sua asa, suas penas bem no meio Pra que ele não voasse e vivesse num puleiro Ai, ai, ai mas que fuleiro! O puleiro no galho, o galho da árvore. E a árvore na montanha olê ia ô. A árvore na montanha olê ia ô. (15x)