Eu vi que eu não sei falar de dinheiro Nem dos pano foda que tá na roda Mas também não sirvo pra dar conselho Sempre achei errado quem me incomoda Mano toda vez que eu olho no espelho Só vejo a idade bater na porta Mas eu já não entro em desespero Pois eu sei que eu não saí da rota Quem se importa se é só uma volta Portando alguns livros ou chei de droga Se quem morreu, morreu na viela Ou na padoca, não fechem as portas A polícia não vem na minha porta Se bobear tô ganhando em dólar Nós faz grana só de respirar Eu nem preciso acertar a nota Tira selfie, para tudo e foca Sociedade que nem quer pensar Nós admitimos que idiotas Usem ternos pra nos controlar Tem uns cara que tá embaçado Pagando de loko, paga dobrado Não reclama se cês for cobrado Meu bonde tromba vai fazer estrago No meu cigarro eu dou mais um trago Trago pra dentro só o que é bom No rolê a tropa so vai de placo De prontidão fura moletom Embora tudo isso seja dito a seco Toma Ovomaltine pra poder engolir Na escola só zuava nas aulas de história Agora eu quero ver a rima digerir O mundo é selvagem então por que tu ri? Nessa selva de pedra a vida é simplória Gente morrendo em vão e vendo o céu cair Como é que nós podemos não ter na memória A luta de quem nunca desistiu daqui Um salve Marighella em toda sua glória Que não seja em vão ter passado aqui E deixado pra gente toda a trajetória A caneta treme ao se esforçar Pra expressar delírios da minha mente Nenhuma ideia é tão singular E nada depende do que tu sente Não leva a mal o mundo tá doente Não sei se alguém vai me escutar Eu tô tão mudado e tão diferente Linhas convergentes já não andam mais Paralelamente ou inconsequente Seguindo o modelo desde os meus pais Essa rima aqui joguei tão pra frente Que eu acabei ficando pra trás Pra finalizarmos esse capítulo Mais algumas linhas, barco no cais Ainda não sei qual vai ser o título Mas pensando bem, nem importa mais