Beira de rio, Paço do Rosário se avista ao longe As ruas tortas vão se desenhando pelo arraial Beira de rio, Paço do Rosário limitando a agreste Sua janela, sua velha doca de barrica e pau Água barrenta rolando sem pressa consumindo a terra O pôr-do-sol avermelhando Paço do Rosário Na velha igreja já são 6 da tarde o povo reza o terço Ave Maria, Mãe do Céu - cruz credo! Quem me mata é Deus... Murmúrio lento, como prece aflita, vai descendo o rio Acompanhando o dia que se vai buscando o anoitecer E anoitecendo, Paço do Rosário quase silencia A velha estátua caída na praça, mais um dia Velha rameira deixa a vela acesa por Virgem Maria Ave Maria, Mãe do Céu - cruz credo! Quem me mata é Deus... Num descampado vazio De obscuro intinerário Pousada a beira do rio Dorme Paço do Rosário Vive de sonho e promessa De um mercado portuário Do lava roupa e conversa Da lavoura e pecuária O povo inteiro se apega Aos pés do Santo Sacrário Se amarra ao terço e se perde Nos mistérios do rosário No dia-a-dia da lida Cada qual mais solitário Feito conversa comprida Da gaiola com o canário...