Oswaldir E Carlos Magrão

Bugio Andarengo

Oswaldir E Carlos Magrão


Se chegou no meu pago um bugio como o vento que sopra o Rio Grande
Se aninhou nos pelegos do rancho sem patrão ou alguém que lhe mande
Trouxe o lombo lambanto de frio mal andrajo onde quer que ele ande
E as munhecas de índio vadio trapaceiro de marca bem grande

O bugio é bicho andarengo
Sanchorengo, maroto e bem taita
Pega tudo o que há pelo pago
E se esconde no fole da gaita

O bugio quando quer um cigarro leva a mão no lugar que não pode
Rouba a palha e o fumo macaio e mistura com barba de bode
Quem não fuma se espanta com o cheiro se embucha, se abana e sacode
Da fumaça que sai do palheiro que o Osvaldir amarrou no bigode

Quando chega na roda de mate ceva a dona da cuia e chaleira
Conta causos dos tempos de antanho e façanhas da lida campeira
Quando o moço pegou touro à unha caçador tinha mira certeira
Foi milico de Flores da Cunha guarda-costas de Pinto Bandeira

É carancho que chega mansinho em festança ou banquete de luxo
Dá de mão no churrasco mais gordo sem licença já manda pro bucho
Troca a orelha e disfarça na sala da espingarda já tira os cartuchos
Vai levando por baixo do pala o que pode roubar do gaúcho