Na escrivaninha do meu escritório Por um momento parei pra pensar Com as coisas lindas lá do meu sertão Mesmo acordado comecei sonhar Vi em minha frente a cerca de arame Cercando nossa casa de madeira O cocho do gado, a porteira de vara E o lago onde eu já pesquei de peneira A areia branca onde eu brincava A velha paineira que mamãe plantou O triste gemido do velho engenho Que à machado meu pai fabricou Minha rede, meu chapéu de palha E o meu cachorro perdigueiro Meu laço, meu par de espora Meu cavalo branco chamado Ligeiro A escolinha, a professora Que transformou-me num diplomata Meu velho lenço em uma parede Substituíram por uma gravata De todas as coisas que recordei Fiz estes versos pra desabafar Que é uma colheita de doces saudades Que da minha mente jamais sairá