Me crie num rincão verdejante obediente aos velhos costumes Do convívio com a natureza guardo ainda seu doce perfume Hoje sinto que aquele recanto era mesmo abençoado por Deus Pois eu digo sem medo de errar que o mais lindo dos dias meus Lá de casa se ouvia as águas da cachoeira lá no caracol Se fundindo com o canto dos bicho que pairavam pelo arrebol Esse palco da mãe natureza colorido com raio de Sol Era o show que a gente assistia na lida do dia lá pelo paiol Aprendi respeitar nossa fauna e gostar dos bichinhos silvestre Decorrei o nome de todos e papai foi o meu grande mestre Assoviando no meio da mata muitos deles peguei a imitar Apreciando aquela sinfonia eu também um dia aprendi a cantar Eu brincava na taipa do açude enquanto o papai pescava O caniço de taquara mansa, de traíra era o que mais nos gostava Nos dias de chuva eu socava a canjica num velho pilão Minha irmã trazia bolo frito, também se rasgava palha pro colchão Tomar banho pelado na sanga era coisa que eu mais gostava Uma vaca de bezerro novo vez por outra me atropelava Eu subia nos pés da amora sai de la com os dedos manchados Me sentia como bichinho tendo passarinhos cantando a meu lado Minha tinha as mãos abençoadas, trabalhava e educava os filhos Seu chinelo de couro exemplava se alguém saísse do trilho E num forno enorme de barrado ensinava fazer pão de milho Se assava pinhão e batata e uma gostosa rosca de polvilho Hoje eu tenho mulher e meus filhos na cidade onde a gente mora Se emocionam ao me ver falar da infância que tive lá fora Verde mata e barranca de rio que pescava escutando o nhambu A cidade mais linda do mundo não chega aos pé do meu caxambu