Fui criado campo a fora tomando banho de açude Falquejado a morrudo pra qualquer serviço rude Desde piá de pés descalço eu já laçava terneiro Montando em petiço xucro domava pelo potreiro Quando fiquei mais taludo e criei muque no braço O meu pai me presenteou um lindo potro picaço Amansei ele a meu gosto mas pouco tempo durou A aspa de um boi ventana o meu cavalo matou Pra provar tudo que digo mostro sinais do meu couro Das queimaduras de laço e das chifradas de touro A lida mais perigosas eu sempre desafiei Eu até perdi a conta dos xucros que já domei Eu tenho desenvoltura em tropeadas e rodeios Me sinto o senhor dos campos quando me encontro no arreio Num fandango galponeiro gosto de dançar vaneira Grito sessenta por nada numa cancha de carreira Nosso costumes campeiro eu desempenho com gosto Seja verão de janeiro ou seja inverno de agosto Eu salto de madrugada, me orgulho em ser peão Recebo o dia palmeando a cuia de chimarrão Como campeiro que sou sinto a magia dos campos Dessas noites rio-grandense bordadas de pirilampos A rancharia dormindo sob a luz da estrela guia Os galos abrindo o peito anunciando um novo doa Quando a noite me recolho do descanso após a lida Eu rezo uma oração pra senhora aparecida Peço que ela abençoa nosso povo brasileiro E proteja dos perigos os nossos homens campeiros