Com estes versos eu faço um apelo Aos meus irmãos lá do interior Levando a vida que eu já levei Ganhando o sustento com o seu suor Não tenham ilusão que um dia eu tive De vir pra cidade e mudar de vida Deixei a roça cheio de esperança Hoje magoado vivo de lembrança E muita saudade da terra querida Fique na roça, fique no campo Fique no canto onde criaste raiz Fique na roça, fique no campo E descubra o quanto tu és feliz Chegue na capital, cai na realidade Vi que não era como imaginei Ao ver amigos que vieram antes Fiquei chocado a que até chorei Muitos não tinham nem onde morar Puxando carroça e juntando lixo Morando em casebre de um compartimento Mulher e filhos vivendo ao relento Levando a vida pior que bicho Quem tem emprego aqui na cidade Mesmo assim vive na pobreza O aluguel lhe roendo a perna De vez enquanto falta pão na mesa Eu vi campeiros e colonos fortes Aqui chegarem como gente guapa Hoje não tem enxada, nem arreio Tão dependendo de favor alheio Sem querer um real na guaiaca Eu daria tudo para ter de novo A felicidade que tinha e não via Enfeitiçado por um sonho louco Vim pra cidade, entrei nesse fria O que eu peço aos meus irmãos da roça É que não saiam de ode estão morando E quem tiver um pedacinho de chão Se agarre a ele com as duas mãos Para não passar o que eu estou passando