Lá na colônia a diversão da moçada É um futebol diferente dos jogos da capital Temos um time feito a facão e machado Chuteira quarenta e cinco é uma coisa normal. Tem um campinho chamado rei do cacete Ouve tiro e foguete de assustar cusco dormindo O ferradura, o quebra dedo, o topa tudo Quando é dia de torneio o reboliço é muito lindo. Torce e retorce a torcida vai gritando Se ouve tác daqui, tác de lá das canelas se encontrando - Rola cerveja, rola bola nas rosetas E rola pau pelas tantas quando a coisa fica preta. E a partida segue aos transo e empurrões Com gemidos palavrões e a torcida reclamando - Lá na sombra uma bandinha tocando Quem não gosta do esporte fica na sombra escutando. E as goleiras de cerne de guajuvira Uma rede de pescar amarrada nas estacas O campo é cheio de buraco e cupim Só vence jogo assim que comeu mais batata. De vez em quando um alemão do pé torto Chuta a bola lá pro mato e por lá fica perdida Tem vez que um touro do potreiro do vizinho Vem pra o meio do campo, fica de juiz da partida Quando tem briga voa copo e garrafa Foice, gadanha e machado e as mulher brigam de vara É turumbamba de soco, bale e grito Aí que fica bonito só o jogo que não pára. Nesse entreveiro de chute pra todo lado Uma bolo dentro na área, todo mundo tá chutando E o goleiro nessa hora se atrapalha Pega uma torta de vaca que já vem se desmanchando Daí o juiz de vez dá o fim na partida É hora de tirar leite, já está escurecendo Uns, dois ou três ficam ali desmaiado Quatro ou cindo destroncado, mais uma dúzia gemendo.