[Que grande alegria pros Três Xirús A parceria do nosso querido Neto Fagundes] [Pra mim é que é um orgulho, Bruno Neher, Fazer parte da história bonita De quarenta e cinco anos dos Três Xirús] Eu dei de mão na minha pilcha de gaúcho Há muito tempo que eu não mexia nela Lustrei minhas botas cano longo Também passei minha camisa amarela Botei em dia a minha bombacha preta E com carinho dobrei o meu lenço branco Tirei a poeira do chapéu de aba larga Botei na cara um sorriso muito franco Olhei no espelho e me senti orgulhoso De estar vestido igual meu pai se vestia Fui no curral, encilhei um bom cavalo E a galopito saí pela serrania Mas de repente, cavalgando ao meu lado, Apareceu um estranho cavaleiro Cabelos brancos e o rosto enrugado Foi me falando num linguajar bem campeiro - Saiba seu moço, que esta terra em que pisamos E onde vive toda a sua geração Há muitos anos eu e outros conterrâneos Derramamos nosso sangue pelo chão Foram dez anos de uma luta desigual E que nem roupa pra vestir a gente tinha Riam de nós, nos chamavam de farrapos Mas nós sabíamos que a vitória vinha - Foi com bravura, com raça e muita coragem Que conseguimos alcançar essa vitória Liberdade, Igualdade, Humanidade Escrevemos nos anais da nossa história E é depois de todo esse sacrifício Com tristeza que eu olho pra esta terra E fico vendo tanta gente esfarrapada Até parece que continuamos em guerra - Diga também a essa gente que hoje vive Sobre esta terra pela qual dei minha vida Pra que respeitem mais os seus antepassados Para o Rio Grande não ter nova recaída Diga também que vou continuar cavalgando Sempre que houver injustiça entre os homens Pois minha alma não vai descansar em paz Enquanto houver um só gaúcho com fome